23 de jan. de 2011

OS 11 MANDAMENTOS DA PRESERVAÇÃO DIGITAL




No primeiro capítulo do livro "Arquivística Temas Contemporâneos", Humberto Celeste
Innarelli estabelece, em forma de mandamentos, as 10 principais questões a serem discutidas em relação à preservação digital:

1 - Manterás uma política de preservação.
2 - Não dependerás de hardware específico.
3 - Não dependerás de software específico.
4 - Não confiarás em sistemas gerenciadores como única forma de acesso ao documento digital.
5 - Migrarás seus documentos de suporte e formato periódicamente.
6 - Replicarás os documentos em locais fisicamente separados.
7 - Não confiarás cegamente no suporte de armazenamento.
8 - Não deixarás de fazer back-up de segurança.
9 - Não preservarás lixo digital.
10 - Garantirás a autenticidade dos documentos digitais.


Sempre que preciso reordenar minhas idéias em relação aos documentos digitais recorro a esse texto didático e direto do Innarelli.

Agora, realizar, na prática, cada um dos 10 mandamentos dependeria de um amálgama envolvendo conceitos da arquivística, administração e informática. Isso é claro se a preocupação central for com o resguardo do valor de prova intrínseco ao registro documental.

Nesse sentido, pedindo licença ao Innarelli, eu proporia, para o arquivista, o mandamento n° 11: Antes de cumprir qualquer outro mandamento, realizarás análise diplomática e tipológica dos documentos digitais.

Ou seja, no trabalho de preservação, que deve envolver vários profissionais e ramos do conhecimento, a função de um arquivista é, principalmente, tornar explícitas as regras de representação envolvidas no processo de transmissão de uma determinada mensagem. Trazer à tona o contexto jurídico, administrativo e tecnológico de produção dos registros.

O trabalho de identificação/definição de espécies e tipologias documentais traria insumos mais consistentes para a definição das políticas e práticas de intervenção em elementos como hardware, software, sistemas gerenciadores, suporte, formato, e principalmente nas questões afetas à autenticidade documental.

Por acreditar muito nesse discurso, decidi testá-lo na prática. Então tenho feito, no contexto da minha pesquisa, várias experiências para criação/utilização de um modelo que permita a aplicação do método diplomático a um processo judicial digital. Os resultados devem sair até o fim do ano.

Para quem tem interesse em se aprofundar no debate, vale a pena conferir o Arquivística Temas Contemporâneos, ele está à venda AQUI.


Postado por: Leonardo N. Moreira

3 comentários:

  1. Caro Leonardo, a ideia principal dos "Dez mandamentos da preservação digital" é levantar a discussão sobre este tema fundamental para memória de nossa sociedade. É muito claro para mim que outros "mandamentos" serão adicionados aos dez fundamentos que me refiro no texto, tornando sua contribuição fundamental para continuidade do trabalho! Espero que outros "mandamentos" surjam e incrementem o trabalho. Humberto Innarelli

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  2. Caro Humberto, que honra ter um comentário seu aqui! Sou um fã confesso desse trabalho seu do Prof. Renato e do Vanderlei. O Arquivística Temas Contemporâneos é um livro sui generis.

    No que tange à preservação digital, a sua construção acerca dos 10 'mandamentos' não só levantou a questão, como também trouxe alguns horizontes para a discussão do tema.

    A gente vai trabalhando com isso e cada vez surgem mais e mais dúvidas, estive pensando um dia desses no quanto falamos sobre, por exemplo, a fragilidade dos suportes daí no centro da discussão estão sempre o CD e algumas outras mídias. Mas pouco discutimos sobre as mídias (pelo que tenho observado) mais largamente utilizadas para armazenamento da informação digital institucional: as fitas magnéticas dos servidores de arquivo, que estão aí desde os anos 50, 60 mais ou menos. Ou seja, pode ser considerada uma tecnologia estável.

    Então, às vezes quando me pego numa discussão sobre esse tema com alguns colegas, vejo muitos argumentos embasados em algo parecido com aquilo que o Vanderlei chama de tecnofobia. A coisa piora um pouco quando notamos esse grande vazio da nossa literatura em termos de estudos de caso sobre preservação digital. Acho que começaremos a avançar nas soluções à medida em que confrontemos nossas teorias com casos práticos... mas isso é uma discussão que vai longe... rsrsr...

    No âmbito da UnB, mais especificamente no programa de pós graduação em CI, há grupos que periodicamente se reunem para pesquisar e discutir temas relativos a, por exemplo, preservação digital, o Arquiveros (http://arquiveros.blogspot.com/) é um deles. Aproveitando o seu contato e já te explorando um pouco, será que, numa eventual agenda sua em brasília, seria possível uma palestra para os alunos do programa?

    Um forte abraço.
    E muito obrigado pelo coment!

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  3. Ok, fico a disposição! Abracos, Humberto Innarelli

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